"A todos os visitantes de passagem por esse meu mundo em preto e branco lhes desejo um bom entretenimento, seja através de textos com alto teor poético, através das fotos de musas que emprestam suas belezas para compor esse espaço ou das notas da canção fascinante de Edith Piaf... Que nem vejam passar o tempo e que voltem nem que seja por um momento!"

3.2.13


Que lhe havemos de fazer

E agora, de alma vazia como tantas
vezes,
contemplo o passar lento dos dias
que me empurram não sei para que destino
escuro, pressentido
já sem curiosidade. É aborrecido
saber e não saber, enganar-se
e acertar. Também estar seguro
é tão insuportável em muitos casos
como duvidar, como ceder, como desmoronar-se.

Seguro, a salvo, agora
que a dor já passou,
observo a borrasca tal como a esteira
fundida nas minhas costas
com o espesso limo
dos sucessos quotidianos, dados
ao esquecimento, antes de serem recordações.
A indiferença ante a própria sorte
não é melhor companheira que a angústia,
nem meu sorriso
(quando o acaso nos põe,
velho amor,
frente a frente)
representa outra coisa do que a ausência
de um gesto mais justo
para significar a seca, dolorosa,
irreparável perda do pranto.

Ángel González

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3 comentários:

  1. Lindíssimo, como sempre!

    Bom Domingo

    Ana

    ResponderExcluir
  2. Olá Helena,
    Também acho que a indiferença ante a própria sorte não é melhor companheira que a angústia...mas alguns, muitos, já estão nessa fase.

    Beijinho

    ResponderExcluir
  3. Helena,maravilhoso! Não conhecia Ángel González! Adorei!!
    Bjs
    Amara

    ResponderExcluir

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