"A todos os visitantes de passagem por esse meu mundo em preto e branco lhes desejo um bom entretenimento, seja através de textos com alto teor poético, através das fotos de musas que emprestam suas belezas para compor esse espaço ou das notas da canção fascinante de Edith Piaf... Que nem vejam passar o tempo e que voltem nem que seja por um momento!"

6.7.12



Perante a morte estamos sempre sozinhos.
Umas vezes de pé, desassombrados.
Outras deitados em concha, no soalho.
Umas vezes dela falamos, outras não.
Nessas fingimos ter a fala neutra e esquiva,
Como se a tristeza não enchesse o horizonte.

Sozinhos perante ela certo é que estamos.
Dobramos o riso na curva dos caminhos,
Juntamos mãos a outros gestos já traçados,
Calcamos passos sobre a terra
E beijamos, nos nossos filhos,
A memória que, nossa, não teremos.

Traço as letras. Ao traçar as letras,
Sei de que falo.
Entretanto, nunca o saberei.

****
Talvez tenha sido esse o dia (foi seguramente) em que falaste de asas, como se a noite as fizesse crescerpor delas falarmos: e houvesse, ao nosso lado, o intermitente rufar das suas penas.

****
Só ontem disseste caminhamos sozinhos,
e por isso só ontem te entendi:
o silêncio do mundo está cheio de vozes.

Helena Carvalhão Buescu

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Um comentário:

  1. Sim, sempre sozinhos perante a morte...
    Um ótimo fim de semana pra ti querida.
    Beijo!

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