O vaso quebrado
O vaso desta flor que morre em breve,
Feriu-o um dia um leque distraído;
E de um golpe tão rápido, tão leve,
Que nem se ouviu o mínimo estalido.
Mas a tênue ferida traiçoeira,
Do límpido cristal rasgando a taça,
Lentamente cresceu de tal maneira,
Que invisível o vaso todo abraça.
Gota a gota fugiu-lhe a água do seio,
E a seiva às flores e o perfume amado;
Ninguém, por ora, o caso a saber veio...
Não lhe toqueis, porém: está quebrado!
Tal às vezes, da linda mão querida,
Tocado, o coração chora e padece;
E enfim, cedendo à pérfida ferida,
Parte-se, e a flor do seu amor fenece.
Perfeito e alegre ele aparece ao mundo;
Porém, tem a denúncia de um gemido;
Sente o golpe crescendo-lhe profundo...
Não lhe toqueis, porém: está partido!
Sully Prudhomme
(trad. de Valentim Magalhães)
O vaso desta flor que morre em breve,
Feriu-o um dia um leque distraído;
E de um golpe tão rápido, tão leve,
Que nem se ouviu o mínimo estalido.
Mas a tênue ferida traiçoeira,
Do límpido cristal rasgando a taça,
Lentamente cresceu de tal maneira,
Que invisível o vaso todo abraça.
Gota a gota fugiu-lhe a água do seio,
E a seiva às flores e o perfume amado;
Ninguém, por ora, o caso a saber veio...
Não lhe toqueis, porém: está quebrado!
Tal às vezes, da linda mão querida,
Tocado, o coração chora e padece;
E enfim, cedendo à pérfida ferida,
Parte-se, e a flor do seu amor fenece.
Perfeito e alegre ele aparece ao mundo;
Porém, tem a denúncia de um gemido;
Sente o golpe crescendo-lhe profundo...
Não lhe toqueis, porém: está partido!
Sully Prudhomme
(trad. de Valentim Magalhães)
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