Às vezes digo que me vou encontrar com a minha irmã no café - mesmo não tendo qualquer irmã - só porque é uma coisa linda de se dizer. Tenho pensado nisto desde que
li um romance no qual duas irmãs estavam sempre a encontrar-se em cafés. Hoje, por exemplo, caminhei sozinha pelo passeio, com as minhas botas para a chuva, esperando
que alguém me perguntasse para onde me dirigia. Comprei um bloco de notas e uma pilha para o relógio, as montras da loja estavam embaciadas. Chuva em Abril é uma espécie de promessa, e
gratuita. Levei um saco com livros para o café e pedi chá. Gosto de sítios iluminados por lâmpadas. Gosto de sítios onde se pode ouvir as pessoas a falarem de coisas sem importância,
como a diferença entre o azul-celeste e o azul-cerúleo, ou o preço das tulipas. Que está a descer. Reparei em alguém que podia ser minha irmã a entrar, e a sacudir a chuva
dos cabelos. Pensei, mesmo agora as floristas estão a encher as estantes frigoríficas com tulipas, a cinco dólares o molho. Por toda a cidade há irmãs. Qualquer uma delas poderia ser a minha.
Karin Gottshall
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Este texto está espectacular...
ResponderExcluirBeijinhos e bom domingo!