
Quando a morte acontece
primeiro, a gente começa uma contagem regressiva esperando a dor aguda e funda passar.
segundo, a gente tenta guiar o monstro da pergunta "porquê agora"?
terceiro, a gente pensa em inventar coisas inesquecíveis com o teu nome, como escreve-lo no mar ou vê-lo desenhado por entre as nuvens.
quarto, você ressurge nas sombras dos corredores, por detrás da porta, no desfolhar de uma roseira, no olhar azul do gato, na sucata que ganhou utilidade de coisa guardada.
e, quinto, só não há maior abandono com a tua perda porque nesse tempo que não volta mais permanecem os cheiros, a memória e o amor.
quando a morte acontece, participam em mim paradoxos.
perda. verdade. poesia.
Sheila Azevedo
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