
Solidão
(...) Do outro lado da porta era Inverno. O corredor não tinha fim. À luz dos candeeiros eléctricos, entre as paredes silenciosas e o tapete macio, não ouvia os seus passos. Com os olhos a arder, o ventre ainda a formigar, avançava em silêncio, detestando os seus braços nus. A pega do saco feria-lhe o ombro. Sentia os cantos da boca a repuxar e toda a sua pele queimar como na tarde de um dia de sol. Ele já não queria nada daquilo, tinha-lo restituído. Premiu o botão e o elevador chegou antes de ela acabar de contar as portas, lançando um último olhar para o corredor deserto.
Raphaele Billetdoux
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