De mim, tirei peça por peça:
As roupas
rotas que estavam de passado
O coração
para que não esperasse nenhum apelo
O sexo
entre silenciosas pedras de fogo
O amor
que se condenou à paixão
O sangue
pássaro vermelho jorrando assustado
As palavras
antes que fugissem pelos ouvidos
A pele
com estampas já desbotadas
Os braços
para que não mais aquecessem seu corpo
As pernas
que já não queriam me carregar nessa vida
Os cabelos
para que se renovassem como leve nuvem
Os olhos
para que não se nublassem à claridade do dia
As mãos
para que não mais buscassem o rosto desamado
O nariz
para esquecer o cheiro de imagens deslembradas
O pensamento
que me feria as madrugadas
Os ouvidos
para que não ouvissem os silêncios insones
Os pés que,
ave ferida, iriam te buscar sempre...
Os dedos
que nunca desataram meus nós
O meu canto
que me desliza triste ante à luz que se esconde
E finalmente,
finalmente o meu corpo
para que não se curve colhendo as conchas do tempo...
Nilze Costa e Silva
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As roupas
rotas que estavam de passado
O coração
para que não esperasse nenhum apelo
O sexo
entre silenciosas pedras de fogo
O amor
que se condenou à paixão
O sangue
pássaro vermelho jorrando assustado
As palavras
antes que fugissem pelos ouvidos
A pele
com estampas já desbotadas
Os braços
para que não mais aquecessem seu corpo
As pernas
que já não queriam me carregar nessa vida
Os cabelos
para que se renovassem como leve nuvem
Os olhos
para que não se nublassem à claridade do dia
As mãos
para que não mais buscassem o rosto desamado
O nariz
para esquecer o cheiro de imagens deslembradas
O pensamento
que me feria as madrugadas
Os ouvidos
para que não ouvissem os silêncios insones
Os pés que,
ave ferida, iriam te buscar sempre...
Os dedos
que nunca desataram meus nós
O meu canto
que me desliza triste ante à luz que se esconde
E finalmente,
finalmente o meu corpo
para que não se curve colhendo as conchas do tempo...
Nilze Costa e Silva
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Olá Querida Helena,
ResponderExcluirEstive a ler os poemas que tens postado, sempre belissimas escolhas, complementadas pelas fotos dos artistas que foram ícones de outros tempos, mas que permanecem magicamente na nossa lembrança.
Este poema é um aniquilamento total, mas essa vontade de acabar com tudo...não é nada vulgar...até que um dia vamos «colar» tudo, para voltarmos a ser.
Não podia deixar de vir cá deixar-te um carinho muito sentido.
Beijinhos,
Manuela
el tiempo, siempre lo doblega todo.
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