Ontem à noite
Ontem à noite, depois da sua partida definitiva,
fui para aquela sala do rés-do-chão que dá para o parque,
fui para ali onde fico sempre no mês de junho,
esse mês que inaugura o Inverno.
Tinha varrido a casa,
tinha limpo tudo como se fosse antes do meu funeral.
Estava tudo depurado de vida, isento, vazio de sinais,
e depois disse para comigo: vou começar a escrever...
para me curar da mentira de um amor que acaba.
Tinha lavado as minhas coisas, estava tudo limpo,
o meu corpo, o meu cabelo, a minha roupa,
e também aquilo que encerrava o todo,
o corpo e a roupa, estes quartos, esta casa, este parque.
E depois comecei a escrever...
Marguerite Duras
(Tradução de Tereza Coelho)
Ontem à noite, depois da sua partida definitiva,
fui para aquela sala do rés-do-chão que dá para o parque,
fui para ali onde fico sempre no mês de junho,
esse mês que inaugura o Inverno.
Tinha varrido a casa,
tinha limpo tudo como se fosse antes do meu funeral.
Estava tudo depurado de vida, isento, vazio de sinais,
e depois disse para comigo: vou começar a escrever...
para me curar da mentira de um amor que acaba.
Tinha lavado as minhas coisas, estava tudo limpo,
o meu corpo, o meu cabelo, a minha roupa,
e também aquilo que encerrava o todo,
o corpo e a roupa, estes quartos, esta casa, este parque.
E depois comecei a escrever...
Marguerite Duras
(Tradução de Tereza Coelho)
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