Cinzas da sanidade
Varro o chão
Onde caíram as palavras comportadas
Que por entre dedos gélidos
De minhas mãos rudes
Deixei escapulir, por obstinação.
Junto-as e cremo-as.
As cinzas, entrego-as ao vento;
Leve-as ele para bem longe de mim,
Fantasma que são
Do poema reto
Que não me permiti consumar.
Não lapido as palavras.
Não destilo as palavras.
As lapidadas,
Deixo-as aos jovens apaixonados.
As destiladas,
Aos que delas se tornaram amantes incorrigíveis.
Quero-as selvagens,
Cheias de quinas e fios,
Cheias de doenças e vícios,
Para que quando brotarem de dentro de mim
Rasguem-me a carne,
Contaminem-me o sangue
E façam-se poemas tortos:
Eles me conferem vida intensa.
Não quero, pois, o poema da breve paixão,
Nem o da paixão amancebada:
Eu vou é me casar, para sempre, com o Cântico Negro.
Oswaldo Antônio Begiato
Varro o chão
Onde caíram as palavras comportadas
Que por entre dedos gélidos
De minhas mãos rudes
Deixei escapulir, por obstinação.
Junto-as e cremo-as.
As cinzas, entrego-as ao vento;
Leve-as ele para bem longe de mim,
Fantasma que são
Do poema reto
Que não me permiti consumar.
Não lapido as palavras.
Não destilo as palavras.
As lapidadas,
Deixo-as aos jovens apaixonados.
As destiladas,
Aos que delas se tornaram amantes incorrigíveis.
Quero-as selvagens,
Cheias de quinas e fios,
Cheias de doenças e vícios,
Para que quando brotarem de dentro de mim
Rasguem-me a carne,
Contaminem-me o sangue
E façam-se poemas tortos:
Eles me conferem vida intensa.
Não quero, pois, o poema da breve paixão,
Nem o da paixão amancebada:
Eu vou é me casar, para sempre, com o Cântico Negro.
Oswaldo Antônio Begiato
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Nenhum comentário:
Postar um comentário
"Há demonstrações de carinho que nos imensam!"
Manoel de Barros
Demonstre seu carinho...